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07 de Abril – Dia do Jornalista: Reflexões sobre os direitos, desafios e proteções jurídicas da profissão

Foto: Reprodução/Freepik

 Por Karina Gutierrez*

O Dia do Jornalista é uma data para refletirmos sobre a importância do trabalho da imprensa, que desempenha um papel fundamental na democracia ao informar, educar e promover a transparência na sociedade. No entanto, esse trabalho, essencial para o funcionamento de uma sociedade justa e equilibrada, enfrenta desafios cada vez mais complexos, especialmente no que tange à proteção dos direitos dos jornalistas e à preservação da liberdade de expressão. No Brasil, durante as eleições municipais de 2024, a Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) identificou mais de 37.000 postagens ofensivas contra jornalistas nas redes sociais, evidenciando um ambiente digital hostil e um cenário preocupante para a liberdade de imprensa e os direitos dos jornalistas

 Os direitos dos jornalistas e as implicações jurídicas

Os jornalistas, enquanto profissionais que exercem a função de informar a sociedade, têm direitos garantidos pela Constituição, com destaque para a liberdade de expressão e o direito à informação. O artigo 5º da Constituição Federal brasileira, em seu inciso IV, assegura que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”, e o inciso IX garante “a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Esses dispositivos são fundamentais para o trabalho dos jornalistas, pois asseguram que possam desempenhar suas funções sem temor de represálias ou censura.

No entanto, o contexto jurídico da profissão é permeado por desafios que precisam ser enfrentados com vigilância. No Brasil, a Lei de Imprensa, que vigorou por décadas, foi revogada em 2009, mas muitos ainda questionam os limites entre a liberdade de imprensa e os direitos individuais. O direito à privacidade, à proteção, à honra e à imagem das pessoas, e o direito à informação conflitam muitas vezes com o poder da imprensa de expor situações de interesse público. O jornalismo investigativo, em especial, desempenha um papel fundamental ao revelar casos de corrupção, abusos de poder e violação de direitos humanos. Nessas situações, os profissionais, muitas vezes, enfrentam ações judiciais como forma de silenciamento, o que coloca em risco sua liberdade de atuação. É essencial, portanto, que o ordenamento jurídico continue a proteger esses profissionais contra abusos legais, garantindo que o direito à informação prevaleça.

A liberdade de expressão e os direitos dos jornalistas

A liberdade de expressão é um direito fundamental, essencial para o exercício do jornalismo, e está diretamente ligada ao direito à informação, outro princípio basilar da democracia. Entretanto, não é um direito absoluto e pode ser restringido em situações de discurso de ódio, incitação à violência ou difamação. É precisamente aí que entra a importância de uma regulamentação adequada e uma jurisprudência sólida, que reconheçam e equilibrem o direito do jornalista de informar e o direito do indivíduo à proteção de sua honra e imagem.

Em muitas nações, o jornalista que denuncia práticas de corrupção ou outros abusos de poder pode enfrentar represálias não só de figuras políticas e econômicas, mas também de grupos organizados ou de grandes corporações. A proteção dos direitos dos jornalistas não se resume a garantir sua segurança física, mas também a garantir que possam exercer seu trabalho sem o medo constante de sofrer consequências jurídicas, como processos por calúnia, difamação ou, em casos mais graves, prisões políticas.

A proteção jurídica da profissão e a garantia da liberdade de imprensa

O direito de o à informação, garantido pela Constituição e por tratados internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, é um dos principais instrumentos legais que assegura a liberdade de imprensa. Em muitos países, incluindo o Brasil, a Constituição prevê que a imprensa é livre para se manifestar, desde que não ultrae os limites da lei, como no caso de conteúdos que possam prejudicar gravemente os direitos fundamentais de outras pessoas.

Além disso, o direito à proteção contra agressões físicas e psicológicas é essencial. A violência contra jornalistas, muitas vezes perpetrada por agentes do Estado ou grupos organizados, é uma preocupação crescente em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, onde jornalistas que cobrem questões de segurança pública ou política enfrentam situações de risco. Nesse cenário, as leis de proteção aos jornalistas, como a Lei de o à Informação (LAI), ajudam a garantir que a profissão possa cumprir sua função de fiscalização do poder público e outras instituições sem sofrer censura ou represália.

O desafio das fake news e a responsabilidade dos jornalistas

Nos dias atuais, um dos maiores desafios enfrentados pela profissão jornalística é a propagação das fake news. As notícias falsas distorcem a realidade, além de prejudicarem a confiança da sociedade nas instituições, afetam a saúde pública, manipulam eleições e causam danos irreparáveis à imagem de pessoas e empresas. O papel dos jornalistas é, mais do que nunca, o de ser a linha de frente na batalha contra a desinformação. No entanto, com a popularização das redes sociais e a facilidade de disseminação de conteúdos, os jornalistas se veem diante de um ambiente virtual em que é difícil distinguir o verdadeiro do falso.

A legislação tem se adaptado para penalizar a disseminação de fake news, com algumas propostas de leis específicas para coibir a prática, como o PL 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”. O desafio, contudo, está em encontrar o equilíbrio entre a regulação do conteúdo falso e a preservação da liberdade de expressão, evitando que medidas excessivas possam comprometer a atuação dos jornalistas e a liberdade de imprensa.

*Karina Gutierrez é advogada no escritório Bosquê & Grieco advogados

 

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