Portal Making Of

Brasil assume liderança dos Brics e promessa de reforma financeira pode mexer com dólar

Foto: Brics / crédito: Divulgação.

O Brasil assumiu, nesta quarta-feira (1º), pela quarta vez, a presidência rotativa dos Brics, sucedendo à Rússia, em um momento importante para discussões sobre o futuro do sistema financeiro internacional. Entre os principais temas da agenda brasileira, destaca-se o avanço da reforma desse sistema, com propostas que incluem a criação de uma moeda alternativa ao dólar como meio de pagamento internacional. Essa medida, amplamente defendida por países do bloco e de fora dele, como alguns membros do G20, visa democratizar as transações financeiras globais e reduzir a dependência da moeda americana.

O avanço dessa pauta não depende apenas das dinâmicas internas do bloco, mas também da resposta dos Estados Unidos. O novo presidente americano pode intensificar esforços para conter qualquer movimento que enfraqueça o dólar, seja por meio de medidas econômicas ou diplomáticas. Influência já sentida nas cotações do dólar na reta final de 2024. Isso cria um cenário de maior pressão sobre o Brasil, que vai liderar as discussões enquanto busca equilibrar interesses divergentes entre os membros do Brics, como Índia e China, e outros atores globais.

O fortalecimento do Brics e o uso de moedas alternativas podem gerar impactos no câmbio brasileiro. A valorização do dólar frente ao real, já alimentada por incertezas internas, pode se intensificar caso os avanços no Brics sejam percebidos como uma ameaça ao sistema financeiro vigente. O Brasil, como um dos grandes beneficiários do comércio com os países do bloco, precisa conduzir as negociações com habilidade diplomática para evitar desestabilizações no mercado doméstico.

Outros temas da presidência brasileira incluem o combate às desigualdades sociais e econômicas, mudanças climáticas e o fortalecimento da governança global. No entanto, alcançar consensos será um desafio, considerando as diferenças internas no bloco, como as disputas por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

A presidência do Brics pelo Brasil vai até o final de 2025, com expectativas de mudanças importantes, mas também com a consciência de que avanços como a reforma financeira internacional dependerão tanto da cooperação interna quanto da resistência de atores externos, como os Estados Unidos.

 

Expansão amplia representatividade global do Brics

Em 2024, o grupo, formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, já havia integrado cinco novos membros: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Arábia Saudita. Para 2025, a Rússia confirmou a entrada de outros nove países, incluindo Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, além de negociações em andamento com Nigéria, Turquia, Argélia e Vietnã.

A presidência brasileira, com o lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, busca avançar na reforma da governança global e no uso de moedas locais nas transações internacionais, enfrentando a resistência dos EUA, liderados pelo presidente Donald Trump. O bloco, agora mais representativo, reúne mais de 40% da população global e 37% do PIB mundial por poder de compra, tornando-se uma plataforma relevante para contrapor a ordem econômica dominada pelo dólar e os países do G7.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais: