Em 94, quando a seleção brasileira conquistou o quarto título mundial, era minha sexta Copa do Mundo, a primeira, em 74, na Alemanha como repórter iniciante e as demais como coordenador.
Mais do que istrar os talentos de microfone, TV e jornal escalados para as coberturas, eu era um organizador da estrutura, junto com o pessoal de apoio no Brasil.
Lá fora, depois de muitos dias de cobertura, o pessoal acabava ficando nervoso, com saudades de casa e da comida brasileira, e eu gerenciava espíritos – era o “algodão entre cristais”, como um dia definiu o cronista Paulo Santana. Às vezes isso era bem pesado.
Assim, quando chegamos a final em Pasadena, na Califórnia, há 30 anos, os nervos estavam a flor da pele, pelo cansaço e pela expectativa do jogo decisivo, realçados pelo forte calor. O estádio Rose Bowl, lendário templo do futebol americano, literalmente fervia, pois não tinha cobertura para a imprensa. Era sol na cabeça direto. Fotógrafos e cronistas eram atendidos em grandes tendas brancas, improvisadas ao redor do estádio como centro de imprensa, mas com ar condicionado.
Já na posição de rádio Gaucha, principal veículo da nossa cobertura, a sol a pino estavam o narrador Armindo Antônio Ranzolin e o técnico Chicão Bisogno. Outras integrantes do time, incluindo os repórteres, estavam em posições diferentes no estádio.
Quando o jogo foi para os pênaltis, me aproximei do Ranzolin para ouvir a narração das cobranças. E quanto Baggio jogou a bola para fora, foi uma enorme vibração. Ranzolin tirou uma bandeira do Brasil da bolsa e se cobriu com ela, enquanto Ruy fazia um belo texto de euforia.
A poucos metros, à esquerda, Galvão Bueno, abraçado a Pelé, gritava “É tetra, é tetra, é tetra.”
Mais alguns dias e estávamos voltando felizes da vida para o Brasil e cada um contando sua história, como faço agora.
